domingo, 17 de fevereiro de 2008

Control de Anton Conbijn


Considerado pelo The Guardian como o melhor filme do ano, Control de Anton Conbijn, retracta a vida e obra de Ian Curtis, o jovem e sempre eterno vocalista dos Joy Division, que aos 23 anos se suicidou, colocando fim a uma breve vida atormentada, não só pelos problemas de epilepsia mas também de amores complexos que parecem transcender a sua própria vontade. Arrisco a dizer, que morreu atormentado pelo êxtase da experiência da vida. Viveu uma vida que não era sua. Tinha tudo, e no entanto era tão novo!!!

Acerca da sua morte, o JN de 18 de Maio de 2005 escreve:

" Há precisamente 25 anos, Ian Curtis, o epicentro criativo dos ingleses Joy Division, suicidou-se. Na noite anterior, tinha pedido à mulher que o deixasse sozinho em casa. Fumou cigarros, esvaziou uma garrafa de whisky, pôs a girar o vinil "The idiot", de Iggy Pop, viu na televisão o filme "The Stroszek", de Werner Herzog, e escreveu uma carta "Já não aguento mais", lia-se, à segunda frase.

Por volta das cinco da madrugada, Ian Curtis colocou uma corda à volta do pescoço e enforcou-se.

Era novo, demasiado novo - tinha 23 anos. O episódio colocou um dramático ponto final na carreira dos Joy Division e, mais do que isso, catapultou o cantor para o estatuto de um dos grandes mitos da história do rock. A sua morte voluntária já foi alvo de inúmeras interpretações, especulações e divagações. Uns dizem que sempre fora seu desejo morrer novo. Outros asseguram que foi o excesso da medicação que Curtis tomava para curar os seus cada vez mais frequentes ataques de epilepsia. E também há quem arrisque dizer que Ian Curtis resolvera desistir de lutar contra os sismos desencadeados por uma relação com uma amante."1

Aconselho todos a lerem "Carícias Distantes" de Deborah Curtis, a biografia de Ian Curtis escrita pela mão da sua própria esposa, mãe do seu filho e mulher traída e abandonada. A páginas tantas do livro, escreve sobre as palavras cortantes de David Hare, que latejavam compulsivamente na cabeça de Ian:
«Não há conforto. A vida tira-nos o ânimo. Temos sonhos de partir e é assim com toda a gente que conheço»,
e mais á frente interrogar-se-á: «Quão infeliz se terá que ser para que a vida pareça pior que a morte?»2
Da antologia poética de Ian Curtis/Joy division, deixo-vos "O Eterno" (1980)
«A procissão prossegue, a gritaria acabou,
Louvor á glória dos amados que se foram.
A falar alto enquanto se sentam ás mesas,
Espalhando flores arrastadas pela chuva.
Fiquei junto ao portão no fundo do jardim,
Vendo-os passar como nuvens no céu,
Tento gritar no ardor do momento,
Possuído por uma fúria que queima por dentro.
Choro como uma criança, e estes anos fizeram-me velho,
Com crianças tenho longamente desbaratado o tempo,
Um fardo a carregar, apesar da sua comunhão inteiror,
Aceite como uma maldição um acordo infeliz.
Brinquei no portão ao fundo do jardim,
Alongo a vista desde a sebe até ao muro,
Não há palavras que expliquem, nem acções que determinem,
Fico-me a observar as árvores e as folhas que caem.»3
Fontes:
1 Jornal de Notícias, de 18 de Maio de 2005.
2 CURTIS, Deborah, Carícias Distantes, Lisboa, Assírio & Alvim, 1996.
3 CURTIS, Ian, DIVISION, Joy, antologia poética, tradução de José Alberto Oliveira, Lisboa, Assirio & Alvim, 1996.

2 comentários:

onurB disse...

Tens razão

Anónimo disse...

Onde conseguiste os livros?