A Casa dos Pensadores
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quarta-feira, 23 de março de 2016
quarta-feira, 20 de janeiro de 2016
domingo, 16 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Ελληνικά: Caminhos da língua grega
A língua grega (Ελλενικα) reveste-se de um fascínio próprio e de qualidades pluridimensionais num corpus unitário, cujos atributos, oriundos talvez da sua natureza especulativa, da sua dimensão histórica, da sua fonte sapiencial, dotaram-na, acredita-se, de mundo em manifestação e fenómeno.
O seu labor - de sentido axiológico, de absoluta comunhão com o existente interrogativo (ἄνθρωπος), aquele que se uniu num jogo dialético vital, e onde ambos caminham o traço da morte, apenas por entender, por compreender, cuidar (θεραπευω) - procura atribuir e desvelar sentido à efemeridade que compõe os sentidos corpórios da participação numénica.
A língua grega é a língua sagrada, do mistério e do absoluto, da loucura, da procura, é a língua que acompanha o pulsar do cosmos e que incorpora a vitalidade da natureza (φυσις). O grego é essa divindade políade, esse mensageiro das coisas que correm e no entanto, permanecem.
Na tentativa de transmitir alguns (parcos) conhecimentos, irei postar no blog aspectos, curiosidades, propriedades, sentidos e valores da língua grega antiga. O objectivo é ter presente o que ausente permanece mistério e vida.
PONTO 1: O ALFABETO
O ALFABETO (a própria palavra ALFABETO é uma palavra composta por dois étimos gregos, as duas primeiras letras, o alfa ("α" - ἄλφα) e o beta ("β" - βητα).)
Maiúsculas / Minúsculas / Nome das letras / Equivalente
Αα [alpha - ἄλφα] a / Ββ [beta - βητα] b / Γγ [gama - γαμμα] g / Δδ [delta - δέλτα] d / Εε [épsilon - ἒ ψιλον] e / Ζζ [z(d)eta - ζητα] zd / Ηη [eta - ητα] e / Θθ [theta - θητα] th / Ιι [iota - ἰωτα] i / Κκ [kapa - καππα] k(c) / Λλ [lambda - λαμβδα] l / Μμ [mü - μυ] m / Νν [nü - νυ] n / Ξξ [ksi - ξι] ks / Οο [ómicron - ὂ μικρον] o / Ππ [pi - πι] p / Ρρ [ró - ῥω] r / Σσς [sigma - σιγμα] s / Ττ [tau - ταυ] t / Υυ [ípsilon - υ ψιλον] ü (y) / Φφ [phi - φι] ph / Χχ [khi - χι] kh (ch) / Ψψ [psi - ψι] ps / Ωω [ómega - ω μεγα] o
Observações:
- A vogal α e as semivogais ι e υ podem ser longas ou breves; ε e ο são sempre breves; η e ω são sempre longas.
- São duplas as consoantes ζ, ξ e ψ.
- São aspiradas as consoantes θ, φ, χ.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
Imagens de sazão
O desvanecer do rosáceo espírito vegetal |
A chuva que repousa nos ramos, aguardando pacientemente | ! |
Animus et Spiritus...e o dom das pequenas coisas! |
E a pedra que, fria e funesta, vê o tempo que passa... |
O azul, tão cruel quanto selvagem e livre |
Finalmente, alguns raios de luz sobre um verde tão onírico! |
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Turquia - Parte III
Banhar-se nas água quentes de Pamukkale
Uma das experiências mais "quentes" é o banho nas piscinas de algodão. Com água a 35º, corrente sobre o calcário branco, é apropriado para quem gosta de termalismo. A sua fama remonta ao período romano e a envolvente é fantástica, já que a metros de distância encontram-se as ruínas da antiga cidade de Hierópolis e, também, sarcófagos e tumbas de cristão que quiseram a sua morada final junto de S. Filipe, que fora apredrejado até à morte naquele local.
Estes construções naturais calcárias são as mais bem preservadas no mundo e a sua disposição como piscinas em cascata permite ao visitante usufruir de banhos (quando permitidos) relaxantes e de paisagens deslumbrantes. Apesar de apenas ter ficado sentado à berma de um regato, a descansar os pés sobre o calcário escorregadio e a água quente, e ter caminhado um pouco pela perte cimeira do "desfiladeiro", as minhas expectativas foram completamente preenchidas e recomendo vivamente que o façam também. O dinheiro que se paga para lá ir, vale bem a pena!
Aproveite para caminhar alguns metros até às ruínas da antiga cidade de Hierápolis (Ιεραπολις - que significa "Cidade Santa") e conhecer mais um pedaço de história.
Nota: a viagem pela Turquia continua...
TURQUIA - PARTE II
A última morada terrena de Maria
Este lugar está considerado como a morada última da Santíssima Virgem Maria, mãe de Jesus Cristos.
"do ut des" - Eu dou para que tu me dês. |
Provas derivadas das Sagradas Escrituras
O Apóstolo João nos diz, no seu evangelho (ευαγγελιος - que significa "Boa Mensagem"), que o Senhor antes de morrer, lhe confiou a sua mãe ao dizer-lhe: "Eis aqui a tua mãe", e desde aquele momento João a tomou consigo. Narram os Actos dos Apóstolos que depois da morte de Jesus, desencadeou-se em Jerusalém uma perseguição contra os cristãos. S. Estevão foi apedrejado no ano de 37 d.C. e Santiago decapitado no ano de 42. Ao mesmo tempo, os apóstolos espalharam-se pelo mundo para predicar o evangelho. S. João veio para a Ásia Menor, e muito provavelmente, derivado da perseguição em Jerusalém, trouxe consigo a Virgem Santíssima.
Confirmação Histórica
1. A existência do túmulo de S. João em Éfeso.
2. O Concílio Ecuménico realizado em Éfeso, no ano de 431, na primeira igreja do mundo dedicada à Virgem Santíssima, para definir o dogma (δογμα - que significa crença. É algo que não se discute, acredita-se, pois não pertence ao domínio da razão) da virginal concepção de Maria.
Os padres dizem, falando de Nestório: "... depois de ter chegado a Éfeso, alí onde João, o teólogo, e a Santíssima Virgem Mãe de Deus..."
Por fim, existe a tradição oral, fielmente conservada pelos fieis ortodoxos do povoado de Cirkince, descendentes dos primeiros cristãos de Éfeso, que vinham em peregrinação anualmente, para celebrar aqui a festa da Dormição de Maria, tendo recebido dos seus antepassados a crença de que Maria viveu e morreu neste lugar, que chamavam e ainda chamam Panaghia Kapulu.
O Descobrimento
No passado século XIX apareceu uma obra entitulada A vida da Virgem Maria, descrevendo as revelações de uma religiosa alemã chamada Catalina Emmerich, que sem ter alguma vez estado nestes lugares, descreve com surpreendente exactidão, a colina de éfeso e o local onde estava a casa que a Virgem teria vivido os seus ultimos anos.
Sobre estas indicações formaram-se expedições científicas (1891) e, no final dos trabalhos, encontraram o lugar e as ruínas tal como havia descrito a religiosa alemã.
A Capela
A capela foi construída sobre os restos da casa da Virgem Maria. As fundações são dos séculos 1º e 4º, o resto do edifício remonta ao século 7º. A última restauração aconteceu em 1951.
Nota: A viagem pela Turquia continua...
REVISITANDO: Turquia - Oriente vs Ocidente
Pormenor da parte oriental de Istambul |
Em 2010 fiz uma viagem absolutamente fascinante à Turquia. Serve este post
para recomendar uma visita a este país onde a beleza não acaba, onde a
história permanece e onde o sentido da existência nos remete para a
absoluta imensidão do mundo e para o seu carácter mutável mas imortal.
Aqui, não é apenas o ocidente que se encontra com o oriente, é a
história que se manifesta aos olhos de quem a queira contemplar. Aos
viandantes que queiram conhecer a origem de muito daquilo que cada um é,
recomendo esta viagem maravilhosa.
Em 2010 fiz uma viagem absolutamente fascinante à Turquia. Serve este post para recomendar uma visita a este país onde a beleza não acaba, onde a história permanece e onde o sentido da existência nos remete para a absoluta imensidão do mundo e para o seu carácter mutável mas imortal. Aqui, não é apenas o ocidente que se encontra com o oriente, é a história que se manifesta aos olhos de quem a queira contemplar. Aos viandantes que queiram conhecer a origem de muito daquilo que cada um é, recomendo esta viagem maravilhosa.
Istambul, a antiga Bizâncio (βυζαντιον) e Constantinopla (κωνσταντινουπολις) permanece como uma cidade enigmática, preenchida por uma história tão bela quanto oculta, capaz de transportar o viajante para uma outra era, cheia de mistério, de beleza e de loucura.
Recomendo um passeio pelo Bósforo, admirando a modernidade ocidental e o classicismo oriental. Aproveite para almoçar em um dos inumeros restauraurante situados na orla do rio e passeie a pé. Entre nas mesquitas e contemple a enigmática arte muçulmana, depois vá até uma igreja cristã e admire-se pela imponência arquitetónica e finalmente deixe-se levar pelo acaso e aventure-se na ruas cheias de história e mistério.
Nota: A viagem pela Turquia continua...
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
San Agustín: Filme
Infelizmente não disponível em Portugal, o filme San Agustin conta-nos a vida deste grande filósofo e teólogo da Patrística. A grande fundamentação da fé cristã passou, sem dúvida alguma, pela pena deste homem nascido em Tagaste e morto em Hipona, já em plenos tempos de decadência do império romano.
Para além das vicissitudes mais exasperantes da sua vida, como a sua relação com Mónica, sua mãe, até à sua passagem pelo Maniqueísmo e pela advocacia, a vida de Agostinho mostra-nos o sentido de devoção a causas que existem para lá da razão. A justiça, a bondade, a beleza, a fé, o compromisso e a transformação são conceitos essenciais na vida e na obra deste pensador.
Deixo-vos com um extrato do diálogo entre Agostinho e o seu amigo Romaniano, que levou Agostinho à conversão ao Maniqueísmo:
Agostinho: Fiz coisas horríveis...
Romaniano: Não é culpa tua.
A: Se não é minha, de quem é então?
R: De ninguém!
A: De ninguém? Que filosofia é essa?
R: Já ouviste falar de Mani? Mani é o profeta da verdade.
A: E em que consiste?
R: Que nada é responsável de nada!
A: Esqueces-te que estás a falar com um advogado? Eu defendo homens que cometeram crimes horríveis.
R: Esse é o cerne da questão. Olha para estas oliveiras. Podemos culpá-las de terem os ramos retorcidos? Não! É a sua natureza. Como nós. Não é culpa nossa que sejamos feitos de matéria, de maldade.
A: Então, não há esperança...
R: Só uma. Seguir Mani, que nos ensina como libertarmo-nos da matéria, da maldade. Convertermo-nos em pura luz, puro espírito.
Nota: classificação pessoal do filme: 5*
A Vida e a Morte entrelaçadas!
E se lhe contassem que mais de um milhão de pessoas vivem num cemitério, acredita? Pode acreditar, pois essa verdade existe no Cairo, Egipto, onde tal massa humana - os pobres dos mais pobres - se misturam entre a vida e a morte, numa autêntica cidade surreal, que ultrapassa os sonhos mais fantasiosos da literatura universal.
Dormir ao lado de cadáveres, respirar o intenso pó sepulcral, escutar o silêncio aterrador da morte, comer com com não come, pulsar com com não respira, amar com quem nadifica! Esta realidade aterradora chegou-nos ao cinema em 2011 pela mão de Sérgio Tréfaut, e nos mostra, quiçá de forma ultra-realista, a verdadeira condição humana reflectida num espelho que não têm duas faces.
Olhamos para a pobreza e vemos a injustiça, olhamos para a religião e vemos a loucura, olhamos para a vida e vemos a morte, olhamos para a matéria e vemos a redução ao elemento mais básico, o pó, olhamos para tudo e nada vemos, a não ser a ideia de que o homem vive para a morte mais do que a morte impulsiona a vida. É como se existisse um constante chamamento para o nada, para esse descanso dos tormentos e das loucuras terrenas que desgraçadamente atormentam os espíritos mais inquietos.
Recomendo este documentário a todos aqueles que queiram reflectir sobre a condição humana no seu estado mais primário. Que queiram saber um pouco sobre a miséria, a vida, a morte, o islão e a cotidianidade. É um filme que nos fala e ao qual devemos escutar!
Nota: classificação pessoal: 4*
terça-feira, 22 de maio de 2012
ELITISMOS E ESTILISMOS
ELITISMOS E ESTILISMOS
Há três meses que tenho a minha mítica e mística vespa PX125. Reconstruída pela Piaggio a partir do modelo vintage, esta preciosidade corresponde aos mais altos padrões de fiabilidade e conforto, tornando a relação qualidade-preço bastante satisfatória.
Para os amantes do retro, é uma motorizada que cumpre os desígnios elementares e fundamentais do que se procura: beleza, história, misticismo, recordações e, fundamentalmente, capacidade de reinvenção a partir de modelos tradicionais. Por menos de 4.000,00 € temos acesso a um objecto de luxo que nos fará sentir a liberdade de fugir ao próprio sentido do tempo e do espaço, rementendo-nos para uma dimensão meta-histórica, onde o sentido estético nos limita a palavra e nos remete somente para o experienciar, o contemplar e o possuir. A cada viagem, nada mais permanece, apenas o sentido torna-se efémero e único! O que resta é um amor e dois destinos: o amor do homem pela máquina e os destinos de se complementarem na procura da experiência única!
terça-feira, 6 de março de 2012
SCIUSCIA - Engraxador de sapatos
um filme de Vittorio de Sica
Num tempo obscuro, onde a natureza humana se confrontava com o esterco feérico da irracionalidade, do vazio e da miséria, Vittorio de Sica retratou uma estranha forma de vida, reconduzindo a amizade, o amor, a lealdade e a ânsia de liberdade, à dor, à angustia e ao sofrimento. Sciuscia é essa obra magistral que nos conduz a um momento existencialista onde a interrogação sobre o sentido da própria vida transforma-se num logro.
A viagem de Giuseppe e Pasquale, cultivada na amizade, alcança o seu paradoxo mais cruél: por um lado, o sonho, a liberdade, uma liberdade pungente personificada no cavalo que desfila, qual Genitor, com dois Césares altivos e triunfantes; por outro lado, a realidade, a condições social que esmaga, oprime e aliena toda e qualquer essência livre. A prisão, a miséria, a culpa, a morte, a angústia, o sofrimentos e a pena, são todos os resquícios da decadência social a que chamamos modernidade. Mas como são belos os adornos do mal, e como proporcionam um brilho triunfante ao neorealismo italiano! Esta obra, de 1946, é absolutamente genial e intemporal! É obrigatório desfrutar a representação enquanto é tempo, já que a terrível experiência de viver tais circunstâncias já esteve mais longe do que se imagina! Uma das obras primas da 7.ª arte.
sábado, 21 de janeiro de 2012
GUIMARÃES - CAPITAL EUROPEIA DA CULTURA 2012
Cá está um bom pretexto para retornarmos a casa, à casa que fundou a nação, a nação que fundou meio mundo! Já se encontra disponível em http://www.guimaraes2012.pt/ o prospecto com a programação dos meses de Janeiro e Fevereiro de 2012. Para quem têm disponibilidade de tempo e de dinheiro, deve submergir e emergir nestas águas tão profundas e tão deliciosas, que nos transformarão em homens mais cultos, num país culturalmente mais rico. Guimarães consta nas recomendações turísticas internacionais para 2012, resta-nos a nós aproveitar as potencialidades culturais que nos são oferecidas e que estão aqui tão perto. Abriremos esta oportunidade e fecharão-se muitas outras, mas nada que o tempo não nos permita recuperar. Guimarães espera por nós, e eu espero ir, sem dúvida!
Recomendação: Série ROMA.
Para quem gosta dos períodos imperiais clássicos, com um bom enredo, excelentes cenários e com uma narrativa suficientemente cativante para reconduzir o pensamento do espectador à época, então não deve perder o visionamento desta excelente série da HBO. Disponível - a série completa - em dvd e blu-ray, por um preço a rondar os 60,00 €, na Fnac. É uma aposta fantástica para um bom fim de semana cinematográfico, onde poderemos entender o sentido da política, da estratégia, da dominação, do poder e da loucura. Algo tão sintomático da decadência e da regenerescência tão evidente e urgente nos tempos que correm. Aproveitem! A cultura ainda consegue ser o último reduto da liberdade e da felicidade humana!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
ROBERT FROST
Nothing Gold Can Stay
Nature's first green is gold
Her hardest hue to hold.
Her early leaf's a flower;
But only so an hour.
Then leaf subsides to leaf.
So Eden sank to grief,
So dawn goes down to day.
Nothing gold can stay.
Tradução:
O Dourado Nunca Dura
O dourado natural
É o tom mais inconstante.
No início, a folha é flor;
Mas apenas por um instante.
Assim, folhas se sucedem.
A tristeza toma o Éden;
Fim da alvorada: amargura.
O dourado nunca dura.
Nota: O poema significa que qualquer coisa que é genuína irá eventualmente desaparecer, e que tudo que tem uma beleza verdadeira precisa eventualmente desaparecer. É também uma maneira diferente, mais profunda de mostrar a mudança das estações.
Fonte: Texto: Wikipedia - Imagens: Saranna Drury, 2011
Nothing Gold Can Stay
Nature's first green is gold
Her hardest hue to hold.
Her early leaf's a flower;
But only so an hour.
Then leaf subsides to leaf.
So Eden sank to grief,
So dawn goes down to day.
Nothing gold can stay.
Tradução:
O Dourado Nunca Dura
O dourado natural
É o tom mais inconstante.
No início, a folha é flor;
Mas apenas por um instante.
Assim, folhas se sucedem.
A tristeza toma o Éden;
Fim da alvorada: amargura.
O dourado nunca dura.
Nota: O poema significa que qualquer coisa que é genuína irá eventualmente desaparecer, e que tudo que tem uma beleza verdadeira precisa eventualmente desaparecer. É também uma maneira diferente, mais profunda de mostrar a mudança das estações.
Fonte: Texto: Wikipedia - Imagens: Saranna Drury, 2011
domingo, 20 de junho de 2010
JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)
Partiu aquele que foi o expoente máximo da cultura portuguesa contemporânea.
Filho e herdeiro de uma tradição humanista, Saramago conseguiu a afirmação e universalização da língua de Camões, que será agora também a língua de Saramago.
Todos ficámos mais pobres e mais burros, e ficámos órfãos daquele que nos consolava e atiçava o espírito crítico e reflexivo que existe em nós.
O inferno terminou para ele, aquele inferno que Sartre tão bem denominou como os outros. O que o espera é a eternidade, não a ingénua e metafísica eternidade do parolos, mas sim a infinitude do nome que perdurará na memória e na história do próprio mundo.
Todos teremos sempre uma dívida de gratidão para com o homem que permanecerá como aquele que tudo diz e nada teme, aquele que se eleva à condição supra-humana, tornando-se um profeta da escrita, um sábio da realidade e um filósofo do sonho e da utopia.
Adeus! Obrigado e até sempre!
Filho e herdeiro de uma tradição humanista, Saramago conseguiu a afirmação e universalização da língua de Camões, que será agora também a língua de Saramago.
Todos ficámos mais pobres e mais burros, e ficámos órfãos daquele que nos consolava e atiçava o espírito crítico e reflexivo que existe em nós.
O inferno terminou para ele, aquele inferno que Sartre tão bem denominou como os outros. O que o espera é a eternidade, não a ingénua e metafísica eternidade do parolos, mas sim a infinitude do nome que perdurará na memória e na história do próprio mundo.
Todos teremos sempre uma dívida de gratidão para com o homem que permanecerá como aquele que tudo diz e nada teme, aquele que se eleva à condição supra-humana, tornando-se um profeta da escrita, um sábio da realidade e um filósofo do sonho e da utopia.
terça-feira, 20 de abril de 2010
HENRI BERGSON (1859-1944) - Conceito de "Durée"
Henri Bergson nasceu em Auteuil (Paris) a 18 de Outubro de 1859. Foi um filósofo peculiar, defendendo que uma filosofia nunca deve reflectir ou ser reflectida pela vida do seu proponente. Considerava que as ciências físicas apresentavam uma imagem deformada da realidade, pois estavam sustentadas em premissas erradas. Tempo, matéria, evolução e vida são conceitos fundamentais a que Bergson se propôs tratar.
A base de toda a sua filosofia é uma recusa: o determinismo científico, na sua interpretação positivista, negava, sem razão, a liberdade humana. A sua obra Ensaio sobre os dados imediatos da consciência, de 1889, trata precisamente do conceito de liberdade e visa refutar a ideia de que a liberdade humana não existe.
Para Bergson, aqueles que negam a liberdade, esquecem-se - nos seus métodos de análise científica - da duração. Estes autores confundem a qualidade com a quantidade. Fazer cálculos sobre as sensações é esquecer a sua natureza qualitativa, porque aquilo que sentimos, aquilo que vivemos é de uma natureza diferente a cada vez, e a diferença entre duas sensações, é uma diferença de natureza e não uma diferença de grau de uma mesma sensação base.
Para Bergson, se a qualidade era confundida com a quantidade, então daí resultam várias outras confusões: a duração é espacializada; o movimento é confundido com a trajectória efectuada; a liberdade é confundida com a escolha entre duas soluções, isto é, com o livre-arbítrio. O erro do determinismo psicológico é crer que os factos da consciência sucedem-se necessariamente, como os efeitos sucedem-se às causa. A chave para a correcção do erro dos evolucionistas naturalistas é precisamente o conceito de duração.
Em Bergson, o tempo real - que tem um papel fundamental na filosofia da evolução - escapa às ciências matemáticas. Aquilo que Bergson fará é transformar um evolucionismo naturalista num evolucionismo espiritualista, que identifica o processo contínuo, incessante e progressivo da evolução com o devir temporal da consciência.
A duração real é o dado da consciência. A existência espiritual é uma mudança incessante que varia permanentemente. A duração é o processo contínuo do passado que rói o futuro e cresce à medida que avança. Cada momento, embora seja o resultado de todos os momentos anteriores, é absolutamente novo em relação a eles. Existir é criar-se indefinidamente a si mesmo.
Esta vida espiritual é, essencialmente, autocriação e liberdade. Não é possível reduzir a duração da consciência ao tempo homogéneo de que fala a ciência, o qual é constituído por instantes iguais que se sucedem. O tempo da ciência é um tempo especializado e que perdeu por isso o seu carácter original.
Para Bergson, somos verdadeiramente livres quando os nossos actos emanam da nossa personalidade inteira. Os actos livres nunca são previsíveis, porque o eu não é a causa deles, dado que não se distingue deles, senão que vive e se constitui neles.
A liberdade é indefinível, porque coincide com o próprio processo da vida consciente. Defini-la seria transferi-la para o plano da consideração espacial e dos objectos físicos, mas aqui não existe senão o determinismo, porque desapareceu precisamente o que constitui a consciência: a duração.
A base de toda a sua filosofia é uma recusa: o determinismo científico, na sua interpretação positivista, negava, sem razão, a liberdade humana. A sua obra Ensaio sobre os dados imediatos da consciência, de 1889, trata precisamente do conceito de liberdade e visa refutar a ideia de que a liberdade humana não existe.
Para Bergson, aqueles que negam a liberdade, esquecem-se - nos seus métodos de análise científica - da duração. Estes autores confundem a qualidade com a quantidade. Fazer cálculos sobre as sensações é esquecer a sua natureza qualitativa, porque aquilo que sentimos, aquilo que vivemos é de uma natureza diferente a cada vez, e a diferença entre duas sensações, é uma diferença de natureza e não uma diferença de grau de uma mesma sensação base.
Para Bergson, se a qualidade era confundida com a quantidade, então daí resultam várias outras confusões: a duração é espacializada; o movimento é confundido com a trajectória efectuada; a liberdade é confundida com a escolha entre duas soluções, isto é, com o livre-arbítrio. O erro do determinismo psicológico é crer que os factos da consciência sucedem-se necessariamente, como os efeitos sucedem-se às causa. A chave para a correcção do erro dos evolucionistas naturalistas é precisamente o conceito de duração.
Em Bergson, o tempo real - que tem um papel fundamental na filosofia da evolução - escapa às ciências matemáticas. Aquilo que Bergson fará é transformar um evolucionismo naturalista num evolucionismo espiritualista, que identifica o processo contínuo, incessante e progressivo da evolução com o devir temporal da consciência.
A duração real é o dado da consciência. A existência espiritual é uma mudança incessante que varia permanentemente. A duração é o processo contínuo do passado que rói o futuro e cresce à medida que avança. Cada momento, embora seja o resultado de todos os momentos anteriores, é absolutamente novo em relação a eles. Existir é criar-se indefinidamente a si mesmo.
Esta vida espiritual é, essencialmente, autocriação e liberdade. Não é possível reduzir a duração da consciência ao tempo homogéneo de que fala a ciência, o qual é constituído por instantes iguais que se sucedem. O tempo da ciência é um tempo especializado e que perdeu por isso o seu carácter original.
Para Bergson, somos verdadeiramente livres quando os nossos actos emanam da nossa personalidade inteira. Os actos livres nunca são previsíveis, porque o eu não é a causa deles, dado que não se distingue deles, senão que vive e se constitui neles.
A liberdade é indefinível, porque coincide com o próprio processo da vida consciente. Defini-la seria transferi-la para o plano da consideração espacial e dos objectos físicos, mas aqui não existe senão o determinismo, porque desapareceu precisamente o que constitui a consciência: a duração.
terça-feira, 9 de março de 2010
Um Grande Filme! Uma Grande Mulher!
Séraphine, um filme de Martin Provost, realizado em 2008, acaba de chegar em DVD ao nosso País.
Devo confessar que o que vi me assombrou!
O filme é FABULOSO e a interpretação de Yolande Moreau é MAGISTRAL, basta dizer que a actriz já arrecadou 7 (!) prémios de melhor actriz, pela representação do papel de Séraphine de Louis, uma das primeiras e maiores pintoras Naïve do século XX.
Devo confessar que o que vi me assombrou!
O filme é FABULOSO e a interpretação de Yolande Moreau é MAGISTRAL, basta dizer que a actriz já arrecadou 7 (!) prémios de melhor actriz, pela representação do papel de Séraphine de Louis, uma das primeiras e maiores pintoras Naïve do século XX.
Recomendo, como nunca recomendei, a visualização deste filme, que com certeza ficará na memória daqueles que apreciam bom cinema, um cinema de conteúdo, de história, de representação, enfim, de culto!
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
FRENTE SOLIDARIEDADE
Esta postagem é nada comparada com a obrigatoriedade de todos os portugueses em reconhecer publicamente o génio de José Saramago.
Como todos os grandes escritores, ele também é um escritor maldito, consequência da sua genialidade e da sua coragem.
Honras devem ser cantadas ao nobre escritor português, que tanto orgulho faz brotar nos corações dos seus concidadãos.
O País tem uma dívida de gratidão para aquele que mais amou, e como amou demais, doeu!
Devemos a José Saramago o agitar de águas, que faz sair as sombras do tenebroso mito para a luminosa racionalidade. Ele tem razão e ninguém o pode negar!
Parabens Saramago por mais um grande livro. Caim ficará na história!
Honras devem ser cantadas ao nobre escritor português, que tanto orgulho faz brotar nos corações dos seus concidadãos.
O País tem uma dívida de gratidão para aquele que mais amou, e como amou demais, doeu!
Devemos a José Saramago o agitar de águas, que faz sair as sombras do tenebroso mito para a luminosa racionalidade. Ele tem razão e ninguém o pode negar!
Parabens Saramago por mais um grande livro. Caim ficará na história!
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