segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Vida e a Morte entrelaçadas!

E se lhe contassem que mais de um milhão de pessoas vivem num cemitério, acredita? Pode acreditar, pois essa verdade existe no Cairo, Egipto, onde tal massa humana - os pobres dos mais pobres - se misturam entre a vida e a morte, numa autêntica cidade surreal, que ultrapassa os sonhos mais fantasiosos da literatura universal. 
Dormir ao lado de cadáveres, respirar o intenso pó sepulcral, escutar o silêncio aterrador da morte, comer com com não come, pulsar com com não respira, amar com quem nadifica! Esta realidade aterradora chegou-nos ao cinema em 2011 pela mão de Sérgio Tréfaut, e nos mostra, quiçá de forma ultra-realista, a verdadeira condição humana reflectida num espelho que não têm duas faces. 
Olhamos para a pobreza e vemos a injustiça, olhamos para a religião e vemos a loucura, olhamos para a vida e vemos a morte, olhamos para a matéria e vemos a redução ao elemento mais básico, o pó, olhamos para tudo e nada vemos, a não ser a ideia de que o homem vive para a morte mais do que a morte impulsiona a vida. É como se existisse um constante chamamento para o nada, para esse descanso dos tormentos e das loucuras terrenas que desgraçadamente atormentam os espíritos mais inquietos.

Recomendo este documentário a todos aqueles que queiram reflectir sobre a condição humana no seu estado mais primário. Que queiram saber um pouco sobre a miséria, a vida, a morte, o islão e a cotidianidade. É um filme que nos fala e ao qual devemos escutar!

Nota: classificação pessoal: 4*

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