segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Turquia - Parte III

Banhar-se nas água quentes de Pamukkale

Uma das experiências mais "quentes" é o banho nas piscinas de algodão. Com água a 35º, corrente sobre o calcário branco, é apropriado para quem gosta de termalismo. A sua fama remonta ao período romano e a envolvente é fantástica, já que a metros de distância encontram-se as ruínas da antiga cidade de Hierópolis e, também, sarcófagos e tumbas de cristão que quiseram a sua morada final junto de S. Filipe, que fora apredrejado até à morte naquele local.


Estes construções naturais calcárias são as mais bem preservadas no mundo e a sua disposição como piscinas em cascata permite ao visitante usufruir de banhos (quando permitidos) relaxantes e de paisagens deslumbrantes. Apesar de apenas ter ficado sentado à berma de um regato, a descansar os pés sobre o calcário escorregadio e a água quente, e ter caminhado um pouco pela perte cimeira do "desfiladeiro", as minhas expectativas foram completamente preenchidas e recomendo vivamente que o façam também. O dinheiro que se paga para lá ir, vale bem a pena!

Aproveite para caminhar alguns metros até às ruínas da antiga cidade de Hierápolis (Ιεραπολις - que significa "Cidade Santa") e conhecer mais um pedaço de história.



Nota: a viagem pela Turquia continua...

TURQUIA - PARTE II


A última morada terrena de Maria

Este lugar está considerado como a morada última da Santíssima Virgem Maria, mãe de Jesus Cristos.


       
            "do ut des" - Eu dou para que tu me dês.


 Provas derivadas das Sagradas Escrituras

 O Apóstolo João nos diz, no seu evangelho (ευαγγελιος - que significa "Boa Mensagem"), que o Senhor antes de morrer, lhe confiou a sua mãe ao dizer-lhe: "Eis aqui a tua mãe", e desde aquele momento João a tomou consigo. Narram os Actos dos Apóstolos que depois da morte de Jesus, desencadeou-se em Jerusalém uma perseguição contra os cristãos. S. Estevão foi apedrejado no ano de 37 d.C. e Santiago decapitado no ano de 42. Ao mesmo tempo, os apóstolos espalharam-se pelo mundo para predicar o evangelho. S. João veio para a Ásia Menor, e muito provavelmente, derivado da perseguição em Jerusalém, trouxe consigo a Virgem Santíssima.

Confirmação Histórica

1. A existência do túmulo de S. João em Éfeso.

2. O Concílio Ecuménico realizado em Éfeso, no ano de 431, na primeira igreja do mundo dedicada à Virgem Santíssima, para definir o dogma (δογμα - que significa crença. É algo que não se discute, acredita-se, pois não pertence ao domínio da razão) da virginal concepção de Maria.
Os padres dizem, falando de Nestório: "... depois de ter chegado a Éfeso, alí onde João, o teólogo, e a Santíssima Virgem Mãe de Deus..."
Por fim, existe a tradição oral, fielmente conservada pelos fieis ortodoxos do povoado de Cirkince, descendentes dos primeiros cristãos de Éfeso, que vinham em peregrinação anualmente, para celebrar aqui a festa da Dormição de Maria, tendo recebido dos seus antepassados a crença de que Maria viveu e morreu neste lugar, que chamavam e ainda chamam Panaghia Kapulu.

O Descobrimento

No passado século XIX apareceu uma obra entitulada A vida da Virgem Maria, descrevendo as revelações de uma religiosa alemã chamada Catalina Emmerich, que sem ter alguma vez estado nestes lugares, descreve com surpreendente exactidão, a colina de éfeso e o local onde estava a casa que a Virgem teria vivido os seus ultimos anos.
Sobre estas indicações formaram-se expedições científicas (1891) e, no final dos trabalhos, encontraram o lugar e as ruínas tal como havia descrito a religiosa alemã.

A Capela

A capela foi construída sobre os restos da casa da Virgem Maria. As fundações são dos séculos 1º e 4º, o resto do edifício remonta ao século 7º. A última restauração aconteceu em 1951.



Nota: A viagem pela Turquia continua...

REVISITANDO: Turquia - Oriente vs Ocidente

Pormenor da parte oriental de Istambul
Em 2010 fiz uma viagem absolutamente fascinante à Turquia. Serve este post para recomendar uma visita a este país onde a beleza não acaba, onde a história permanece e onde o sentido da existência nos remete para a absoluta imensidão do mundo e para o seu carácter mutável mas imortal. Aqui, não é apenas o ocidente que se encontra com o oriente, é a história que se manifesta aos olhos de quem a queira contemplar. Aos viandantes que queiram conhecer a origem de muito daquilo que cada um é, recomendo esta viagem maravilhosa.






Em 2010 fiz uma viagem absolutamente fascinante à Turquia. Serve este post para recomendar uma visita a este país onde a beleza não acaba, onde a história permanece e onde o sentido da existência nos remete para a absoluta imensidão do mundo e para o seu carácter mutável mas imortal. Aqui, não é apenas o ocidente que se encontra com o oriente, é a história que se manifesta aos olhos de quem a queira contemplar. Aos viandantes que queiram conhecer a origem de muito daquilo que cada um é, recomendo esta viagem maravilhosa.

  
 
Istambul, a antiga Bizâncio (βυζαντιον) e Constantinopla (κωνσταντινουπολις) permanece como uma cidade enigmática, preenchida por uma história tão bela quanto oculta, capaz de transportar o viajante para uma outra era, cheia de mistério, de beleza e de loucura.

Recomendo um passeio pelo Bósforo, admirando a modernidade ocidental e o classicismo oriental. Aproveite para almoçar em um dos inumeros restauraurante situados na orla do rio e passeie a pé. Entre nas mesquitas e contemple a enigmática arte muçulmana, depois vá até uma igreja cristã e admire-se pela imponência arquitetónica e finalmente deixe-se levar pelo acaso e aventure-se na ruas cheias de história e mistério.

Nota: A viagem pela Turquia continua...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

San Agustín: Filme

Infelizmente não disponível em Portugal, o filme San Agustin conta-nos a vida deste grande filósofo e teólogo da Patrística. A grande fundamentação da fé cristã passou, sem dúvida alguma, pela pena deste homem nascido em Tagaste e morto em Hipona, já em plenos tempos de decadência do império romano. 

Para além das vicissitudes mais exasperantes da sua vida, como a sua relação com Mónica, sua mãe, até à sua passagem pelo Maniqueísmo e pela advocacia, a vida de Agostinho mostra-nos o sentido de devoção a causas que existem para lá da razão. A justiça, a bondade, a beleza, a fé, o compromisso e a transformação são conceitos essenciais na vida e na obra deste pensador.

Deixo-vos com um extrato do diálogo entre Agostinho e o seu amigo Romaniano, que levou Agostinho à conversão ao Maniqueísmo:

Agostinho: Fiz coisas horríveis...
Romaniano: Não é culpa tua.
A: Se não é minha, de quem é então?
R: De ninguém!
A: De ninguém? Que filosofia é essa?
R: Já ouviste falar de Mani? Mani é o profeta da verdade.
A: E em que consiste?
R: Que nada é responsável de nada!
A: Esqueces-te que estás a falar com um advogado? Eu defendo homens que cometeram crimes horríveis.
R: Esse é o cerne da questão. Olha para estas oliveiras. Podemos culpá-las de terem os ramos retorcidos? Não! É a sua natureza. Como nós. Não é culpa nossa que sejamos feitos de matéria, de maldade.
A: Então, não há esperança...
R: Só uma. Seguir Mani, que nos ensina como libertarmo-nos da matéria, da maldade. Convertermo-nos em pura luz, puro espírito.


Nota: classificação pessoal do filme: 5*

A Vida e a Morte entrelaçadas!

E se lhe contassem que mais de um milhão de pessoas vivem num cemitério, acredita? Pode acreditar, pois essa verdade existe no Cairo, Egipto, onde tal massa humana - os pobres dos mais pobres - se misturam entre a vida e a morte, numa autêntica cidade surreal, que ultrapassa os sonhos mais fantasiosos da literatura universal. 
Dormir ao lado de cadáveres, respirar o intenso pó sepulcral, escutar o silêncio aterrador da morte, comer com com não come, pulsar com com não respira, amar com quem nadifica! Esta realidade aterradora chegou-nos ao cinema em 2011 pela mão de Sérgio Tréfaut, e nos mostra, quiçá de forma ultra-realista, a verdadeira condição humana reflectida num espelho que não têm duas faces. 
Olhamos para a pobreza e vemos a injustiça, olhamos para a religião e vemos a loucura, olhamos para a vida e vemos a morte, olhamos para a matéria e vemos a redução ao elemento mais básico, o pó, olhamos para tudo e nada vemos, a não ser a ideia de que o homem vive para a morte mais do que a morte impulsiona a vida. É como se existisse um constante chamamento para o nada, para esse descanso dos tormentos e das loucuras terrenas que desgraçadamente atormentam os espíritos mais inquietos.

Recomendo este documentário a todos aqueles que queiram reflectir sobre a condição humana no seu estado mais primário. Que queiram saber um pouco sobre a miséria, a vida, a morte, o islão e a cotidianidade. É um filme que nos fala e ao qual devemos escutar!

Nota: classificação pessoal: 4*